Transtorno Obsessivo Compulsivo
Hoje, ouve-se falar muito em TOC - Transtorno Obsessivo Compulsivo...
Vamos entender melhor esse problema.
A neurose obsessiva foi descrita por Freud no ano de 1909 através de um de seus casos clínicos mais famoso, intitulado o “Homem dos Ratos”...
Dentro do entendimento psicanalítico, a neurose obsessiva tem sua formação em um dos estágios do desenvolvimento psíquico, havendo à fixação deste problema em uma determinada fase da vida desta pessoa.
O Re - conhecimento do problema, mesmo que seja superficial, facilita a identificação de alguns sintomas, gerando a possibilidade de um encaminhamento mais imediato a um profissional, para investigação mais precisa do problema.
Especialmente no que toca as manifestações infantis, onde a criança não tem ainda uma capacidade autocrítica ampla, a observação dos pais, unida a informação, pode ser um instrumento determinante na qualidade psíquica que se estabelecerá nesse indivíduo.
O Transtorno Obsessivo Compulsivo caracteriza-se por idéias obsessivas ou por comportamentos compulsivos repetitivos.
Temos nesse transtorno um elevado sofrimento, que acaba por consumir um tempo significativo de vida, interferindo na produtividade e na criatividade da pessoa.
Atividades intelectuais e profissionais, relacionamentos sociais e pessoais, todos sofrem os prejuízos desse transtorno.
As obsessões e compulsões podem variar em suas predominâncias.
Há a possibilidade de um elevado nível de pensamentos obsessivos sem tantas atuações compulsivas, ou muitas atuações compulsivas resultantes de poucos pensamentos obsessivos.
O que são Obsessões ?
As obsessões são pensamentos, idéias, representações, imagens, impulsos que persistem, e que não estão sob controle, causando elevada ansiedade e sofrimento, até porque são pensamentos contínuos e insistentes que se caracterizam por serem desagradáveis, repulsivos e contrários à índole da pessoa.
Por exemplo, uma pessoa honesta tem pensamentos periódicos de roubo, trapaça e traição; uma pessoa religiosa tem pensamentos pecaminosos, obscenos e de sacrilégios.
Os pensamentos obsessivos não são controláveis pela própria pessoa.
Ter um pensamento repetitivo apenas pode ser algo desagradável, como uma musiquinha aborrecida ou um problema não resolvido, mas ter obsessões é patológico porque causa significativa perda de tempo, queda no rendimento pessoal e sofrimento pessoal.
Como a pessoa perde o controle sobre os pensamentos, muitas vezes passa a praticar atos que, por serem repetitivos, tornam-se rituais.
Muitas vezes estes atos têm a finalidade de prevenir ou aliviar a tensão causada pelos pensamentos obsessivos.
Por exemplo, uma pessoa cada vez que se lembrar do seu patrão, acredita que isso provocará um acidente de carro: para que isso seja evitado, pois a pessoa não quer ter na sua consciência, que os tais pensamentos que ela estava tendo sobre o patrão, fizeram com que ela tenha participado do acidente, ela passa a realizar certos gestos para neutralizar estes pensamentos.
É importante diferenciar que nas obsessões, a pessoa é capaz de reconhecer que os pensamentos são gerados pela sua mente e não impostos a partir de fatos vindos de fora.
Exemplos mais freqüentes de Obsessões:
Receio de contaminação de toda espécie.
Ex: Receio por beber em um copo de restaurante, em segurar uma barra em um transporte público, ter contato com pessoas.
Dúvidas repetitivas.
Ex: Dúvida se apagou a luz, se fechou a porta, se passou um farol vermelho.
Necessidade extremada de organização.
Ex: Sofrimentos intensos por objetos estarem fora do lugar ou não estar tudo arrumadinho.
Arrumar os objetos sempre de uma determinada maneira.
Possibilidade de perder o controle e cometer atos violentos.
Ex: Ferir pessoas na rua, gritar palavrões em uma festa, agredir parentes.
Pensamentos proibidos.
Ex: Quebrar algo que não é seu, roubar, pensamentos incestuosos.
A respeito das compulsões, elas podem ser secundárias, ou vir depois das obsessões.
O que são Compulsões ?
As compulsões, colocado em uma forma sintética, são comportamentos repetitivos ou atos mentais.
As compulsões são gestos, rituais ou ações sempre iguais, repetitivas e incontroláveis.
Uma pessoa que tente evitar as compulsões acaba submetido a uma tensão interna insuportável, por isso sempre cede às compulsões.
O indivíduo compulsivo, na maior parte dos casos, sente-se impelido a executar uma ação, com o objetivo de minimizar o sofrimento e a ansiedade que o pensamento obsessivo gera.
Essas atuações não visam obter prazer ou satisfação, e sim, apenas reduzir e conter o nível de tensão das idéias obsessivas.
A pessoa nunca perde o juízo a respeito do que está acontecendo consigo próprio, e percebe o absurdo ou exagero do que está se passando; mas como não sabe o que está acontecendo, teme estar enlouquecendo, e pelo menos no começo tenta esconder seus pensamentos e rituais.
Na realidade, são comportamentos notoriamente excessivos, não tendo conexão com o que pretendem neutralizar.
É freqüente a incorporação de obsessões e compulsões a rotina, que acaba por se tornar um ritual: depois de resistir muito a estas rotinas, sem êxito, a pessoa passa a realizá-las para não se submeter mais às frustrações de não ter conseguido.
Dentro desse mecanismo, quando é apontada a incoerência de seu ato, a pessoa justifica de todas as formas o fato de ter de fazê-lo.
No transtorno obsessivo-compulsivo os dois tipos de sintomas quase sempre estão juntos, mas pode haver a predominância de um sobre o outro.
Um paciente pode ser mais obsessivo que compulsivo ou mais compulsivo do que obsessivo.
Exemplos mais freqüentes de Compulsões:
Comportamentos repetitivos:
Pessoas com obsessões de contaminação, lavam as mãos, ou tomam banho sucessivamente para “tirar a sujeira”, chegando a ponto de ferir-se.
Limpam exaustivamente ambientes e objetos.
Pessoas com obsessões de dúvidas repetitivas, podem verificar por várias vezes, em pouco tempo, se apagaram a luz, se fecharam a porta.
Pessoas com obsessões de organização, arrumam minuciosamente, segundo seu critério, adornos, armários, vestuários.
Atos mentais
Pessoas com obsessões em perder o controle e cometer atos violentos, podem eleger um pensamento para amenizar o impulso de agressão.
Por exemplo, passam a repetir mentalmente uma frase de um texto para amenizar a ansiedade que essas idéias geram, e assim, conter seus impulsos.
Tratamento:
A Clínica Psicanalítica e Psiquiátrica
Quando uma pessoa procura ajuda, dentro de um Transtorno Obsessivo Compulsivo, geralmente é porque seu nível de sofrimento está elevadíssimo.
Muitas já estão prejudicadas em sua vida habitual, tendo comprometimentos significativos. Sua expectativa, como em todos os que sofrem, é ter em curto prazo, seus males desfeitos. A ansiedade por conter os pensamentos obsessivos, conseqüentemente, as compulsões, e ter sua vida de volta, é declarada.
Nessa dinâmica, há uma restrição temporária, na capacidade de uma elaboração psíquica mais profunda, sendo que, na maior parte dos casos, a intervenção médica faz-se necessária.
Hoje, a psiquiatria, dispõe de medicamentos muito avançados que auxiliam eficazmente na contenção dos sintomas.
Gradualmente, através da medicação, com a redução da ansiedade, o nível de entendimento da pessoa aumenta, e a pessoa passa a entender melhor o processo Psicanalítico, então a melhora passa a ser muito mais rápida e precisa.
Dentro dessa reorganização psíquica, com o entendimento do simbolismo das obsessões e compulsões, todos os níveis de sintomas diminuem, havendo a possibilidade até mesmo da retirada progressiva da medicação.
Tem sido aconselhado que o tratamento mais adequado é a combinação da farmacoterapia com as terapias Psicanalíticas, que isoladamente também apresentam bons resultados, assim como os remédios.
Mas a combinação desses tratamentos é superior e os resultados, do que quando feito o uso isolado de cada um desses tratamentos.
Leigamente diz-se que a pessoa tem várias "manias" e que é esquisito ou estranho, mas, normalmente, o portador de TOC sabe que suas "manias", obsessões ou compulsões são excessivas ou irracionais.