Largue o papel de vítima

19/03/2010 12:46

Você está constantemente se perguntando “por que tudo acontece comigo?”

Já acorda de mal com o mundo e com as pessoas que fazem parte dele?

Está sempre pensando no que mais falta te acontecer depois de tudo que já passou?

Já perdeu a esperança de acreditar que pode melhorar? Sente que tudo que faz não é reconhecido?

Está sempre se lamentando de tudo e de todos?

Todos os acontecimentos e pessoas parecem apenas te prejudicar?

A vida às vezes nos coloca em situações que realmente machucam muito, mas será que ficar se lamentando pelos cantos, ligando para um e para outro, buscando alívio em remédios, bebida, comida, enfim, em fugas inconscientes, podem fazer realmente mudar os fatos?

Podem no máximo servir como paliativos durante um tempo, mas com certeza e através de outros motivos, o sofrimento pode voltar. Será que não está na hora de pensar sobre o significado de tudo isso?

Você está constantemente se perguntando “por que tudo acontece comigo?” Todos os acontecimentos e pessoas parecem apenas te prejudicar?

E qual o aprendizado que esses acontecimentos podem estar querendo te trazer?

Sim, sempre há o que aprender, ainda que aconteça a pior tragédia, a maior decepção. Por que não olhar para tudo que te fizeram ou te machucaram e parar de fugir ao se colocar como vítima?

Com certeza manter o papel de vítima onde ninguém te ama ninguém te quer, não altera absolutamente nada.

O papel de vítima, aquele em que dizemos, “oh, meu Deus, por que comigo?” faz com que permanecemos no mesmo lugar, como se estivéssemos numa porta giratória e que não conseguimos sair. Mesmo que o mundo lá fora continue em toda velocidade, dentro de você tudo se mantém igual. Passam-se anos e continua a sentir os mesmos sentimentos, como se o fato de chorar e se lamentar fosse o suficiente para parar de sofrer.

Com certeza chorar pode aliviar, mas depois de algum tempo chorando, só acentuará o sofrimento. Beber pode aliviar, comer também, mas adianta? Ou só faz acentuar dentro de você cada vez mais o sentimento de não ser capaz? E depois vem a culpa e conseqüentemente, a autopunição.

Pessoas que se consideram vítimas geralmente dão mais do que recebem, pois em algum momento da vida, aprenderam a dar, confiar e sacrificarem-se pelos outros. Estão sempre computando o mundo entre o bem e o mal, o que deram e o que receberam e o resultado dessa conta é que sempre deram muito mais, ou ainda, receberam apenas a parte ruim. São pessoas que se sobrecarregam, porque nunca conseguem dizer “não”. Ao se sacrificarem, acabam sempre manipulando ou controlando quem as cercam.

As pessoas sempre acreditam que não devem entrar em contato com aquilo que as machucam, mas só entrando em contato com nossas dores é que podemos nos libertar delas. Enquanto buscar respostas no externo, em conselhos, em comida, bebida e outro tantos paliativos, não encontrará respostas, pois elas estão sempre muito mais perto, estão dentro de cada um de nós.

Nada a fará mudar enquanto você não se permitir se libertar de tudo que a faz permanecer no mesmo lugar.

Seus esforços constituem uma tentativa, consciente ou inconsciente, de obter o que quer que seja desesperadamente. O sacrifício por tudo que fazem pode representar um pedido de que alguém perceba seu real valor, porque ela mesma não o reconhece. Não há permissão para encontrar a si mesma nem para lutar por aquilo que deseja.

Um bom exercício para perceber esse processo é perceber quais evoluções obteve nos últimos anos. Você continua reclamando dos mesmos problemas há quanto tempo? O que mudou? Depois pergunte para si mesma como estará daqui a cinco anos, se continuar agindo com os mesmos comportamentos. Estará como gostaria de estar? Se a resposta for não, faça uma reflexão de quais padrões estão se repetindo em sua vida e o que gostaria de mudar. O que fazer para chegar ao resultado que deseja? Será que se continuar plantando sementes de feijão, irá colher arroz? Com certeza não.

Vítima? Do quê? Para quê? Qual o objetivo de estar sempre se lamentando por tudo que acontece ao invés de estar refletindo sobre os aprendizados? Enquanto seu sofrimento seja por qual motivo for, não for capaz de transformar seus sentimentos, podem ser destruidores para você mesma. Pare de acreditar que só será reconhecida através do seu sofrimento. É preciso entender que você pode se dar, mas sem se perder! Nesse momento perceberá que sua vida depende de você e que nada a fará mudar enquanto não se permitir se libertar de tudo que a faz permanecer no mesmo lugar.

O que você quer para você?

 

O que está fazendo para conseguir o que quer? Alguns querem mudar a forma de se vestir, outros o corte ou cor do cabelo, alguns querem mudar de casa ou os móveis, muitos querem eliminar alguns quilinhos. Enfim, mudar algo, ainda que superficial e externo.

Mas, quando se trata de mudanças mais subjetivas e menos concretas, como o jeito de ser, comportamentos, valores e crenças internas, achamos que todos que estão à nossa volta é que têm de mudar: esposa, marido, pai, mãe, irmãos, amigos, chefes, vizinhos... Qualquer um, menos nós. Quando na realidade quem muitas vezes está insatisfeito é você e não o outro.

No quadro das relações humanas, entretanto, não é bem assim. Se precisamos de uma mudança séria, nós é quem temos de mudar. É algo interno e nunca externo. Apenas acaba por refletir no externo e nas relações. Quando mudamos, geralmente, todos que fazem parte do nosso mundo e se relacionam conosco também mudam. Desde, é claro, que as pessoas que estão ao nosso lado tenham a disposição de cooperar, do contrário depende de você continuar convivendo ou não.

Mas é preciso antes de tudo, estarmos dispostos a mudar. E, se tivermos essa disponibilidade, poderemos ter tudo o que desejamos, só não pode é ficar de braços cruzados esperando o tempo e a vida passar.

Tudo que temos a fazer é identificarmos as crenças e os pensamentos que devemos modificar e nos libertar. Parece simples, não? Mas nem sempre é fácil, depende de cada um. Comece valorizando cada esforço que fizer. Pode haver um período de transição entre o velho e o novo sistema de crenças. É possível que você vacile ao sair de antigos modelos de comportamento e pensamento, que podem até não servir mais e lhe causar sofrimento, porém são conhecidos.

Permita-se explorar o passado e chorar, se necessário. Lembre-se que as crenças que temos são idéias e pensamentos que aceitamos como verdadeiros, quando muitas vezes não acreditamos nisto. Sejam quais forem suas crenças e valores, não se esqueça que não passam de pensamentos que podem ser modificados quando você quiser.

Se você aceitar, por exemplo, uma crença que o limita, ela se tornará a verdade para você. Se você acredita que é baixo demais, alto demais, gordo demais, magro, pobre, burro, tímido, incapaz, essas crenças se tornarão verdadeiras e reais para você. E você irá viver de acordo com elas e sofrer também, pois acreditar que só temos o lado negro não torna ninguém saudável. Depende de cada um reavaliar cada um delas e perceber o que é real ou não, começando a separar fantasia da realidade, imposição de opção.

De todos os pensamentos negativos o mais comum é: "não sou bastante bom" ou "não sou capaz". Às vezes isso se dá por falta de amor-próprio e baixa auto-estima, ou algum tipo de culpa. O importante é aprendermos - ou reaprendermos - a amar a nós próprios.

Auto-aprovação e auto-aceitação são as chaves para as mudanças positivas em todas as áreas de nossa vida. Parte da auto-aceitação é se libertar da necessidade da aprovação e da opinião dos outros. Muitas das coisas que acreditamos sobre nós mesmos não tem o menor fundamento. Às vezes nos recusamos a investir esforços na criação de uma vida melhor porque não acreditamos que merecemos. Aceite o que é bom, quer você agora ache que mereça ou não.

Você pode começar a desenvolver sua auto-aprovação e auto-aceitação começando a cuidar mais de você. Cada vez que você fizer uma crítica sobre algo que fez ou sua imagem, você fará também um elogio. O que você tem feito ultimamente só para te agradar? Nada? Quando foi a última vez que você deu umas boas risadas ou até uma gostosa gargalhada? O que você faria só por divertimento?

É possível que você encontre prazer em ler um livro, ir assistir aquele filme que você vem adiando e logo sairá de cartaz. Pode ser ainda cuidar mais de seu jardim ou comprar uma planta e começar a cultivá-la. Pense no que mais gostaria de fazer. Pense sem pressa.

Você poderia ainda ir até a praia, um parque de diversões, subir numa árvore ou, por que não, empinar uma pipa ou reunir um grupo e fazer um piquenique. Faça uma lista com algumas maneiras de você se divertir, é claro, de uma maneira saudável e tente envolver-se aos poucos nestas atividades.

Comece aos poucos. O importante é começar e não desistir. Lembre-se que as sementes precisam de tempo para germinar e crescer. Seja tão amoroso e compreensivo consigo mesmo como seria com um amigo. Não se pode esperar que uma semente se transforme em árvore de um dia para outro. Os resultados não são imediatos, mas se você se propuser a se ajudar, é provável que se surpreenda com os resultados.

Como você pode perceber, todos nós podemos nos libertar de tudo aquilo que nos faz mal e infeliz. E você pode cuidar de si mesmo desde já, basta começar...